Perguntem a Sarah Gross | João Pinto Coelho
A minha pontuação: 3*
A minha expectativa em relação a este livro era alta. Altíssima. Os rasgados elogios, criticas em jornais e revistas extremamente acutilantes. Um livro com quatro ou cinco estrelas em todas as opiniões no Goodreads? O que tinha de tão especial ? Nunca ouvi falar tanto de um livro de um autor português como foi o caso. Apesar de estar com o pé atrás, resolvi comprar o meu exemplar e descobrir sozinha. É a melhor forma, não é?
A história desenrola-se com calma, sem acontecer nada que me fizesse ficar fascinada até à página duzentos e quarenta (se não estou em erro). Enquanto não acontecia nada, encolhia os ombros e pensava: não estou a perceber os motivos de tanto sucesso. Quando aconteceu o que aconteceu, não senti nenhum impacto. Se houve uma cena que mexeu comigo, essa cena aconteceu antes do primeiro ponto alto da história. E mesmo assim senti que o autor não desenvolveu bem a ideia. Nunca mais falaram num personagem que só entrou no colégio da Sarah Gross para ser discutido o racismo nos tempos modernos. Quem leu, sabe do que estou a falar. Isso incomodou-me. Assim como a importância da professora Kimberly na história depois do tal "ponto alto". Ela passou a ser passiva, apenas uma peça para o resto da história ser contada.
As três estrelas representam a falha na minha expectativa, a falta de emoção nos momentos que pedia emoção. A justificação dos acontecimentos também é forçada. Alguns personagens são deixados para trás. As páginas finais são as melhores num romance que podia ser menos extenso.
O melhor da existência deste romance é a frescura que o autor traz à literatura nacional. O Holocausto tem infindáveis pontos de vista, neste romance é diferente de tudo o que li. A história de Auschwitz antes de ser Auschwitz. Merece por isso a consideração dos seus leitores.