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amulherqueamalivros

Qua | 10.02.16

O Pequeno Amigo | Donna Tartt

Cláudia Oliveira

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No Goodreads

Minha pontuação 4*

 

 A família de Harriet nunca recuperou da morte inexplicável do pequeno Robin. Harriet, a sua irmã, tinha apenas alguns meses quando a tragédia aconteceu. No entanto, ao crescer na sombra daquele dia, vive obcecada com o mistério e pretende descobrir o assassino. Tem apenas doze anos, é uma menina muito inteligente e persistente. 

 

O livro está longe de ser um policial. Apesar do objectivo da Harriet, a história envolve outros assuntos. O ponto fulcral não é "quem é o assassino", mas "as consequencias de uma tragédia na vida uma família estruturada". Através do olhar e das manobras da protagonista, somos levados a conhecer a maioria dos elementos desta família e a forma como lidam com a morte de Robin. 

 

O melhor deste livro, para além da escrita da autora, é a construção dos personagens. Donna Tartt tem a capacidade de criar personagens cheios de camadas e absurdamente interessantes. Encantei-me com a  Harriet. Quando li a sua descrição a minha mente projectou-se sobre a foto da autora na contra capa. Parece a descrição da Donna Tartt, com menos anos de vida, claro.

 

A Harriet adora ler, por isso, ao longo do livro temos várias referencias literárias. A ilha do tesouro, As minas de Salomão, O Livro da Selva, etc... Ela está constantemente a elaborar planos e a traçar estratégias para conseguir o que quer. É uma miúda danada de corajosa. Quando não gosta de algo o seu rosto parece "uma pirata chinesa"

 

O livro é envolto em cenas sombrias, sem ser obscuro. A carga emocional é pesada, mas contrabalança perfeitamente com os momentos infantis entre a Harriet e o seu amigo chamado Hely. Hely é fascinado pela Harriet e faz tudo o que ela pede. Chega a imaginar o casamento entre os dois. Muito engraçado. No final, desiludiu-me um bocadinho, mas é super válido o que ele faz. É uma criança! Tem desculpa. 

 

A mãe é a grande ausência na vida de Harriet. Uma mãe fechada, sem vontade de viver ou atenta à sua família. A perda do seu filho deixou-a abalada e presa àquele momento. Harriet vive numa família destroçada e procura refúgio em outras casas, junto de outros familiares. É na rua que Harriet esquece o ambiente infeliz do seu lar.  

 

Tragédias têm o poder de mudar vidas, famílias inteiras são separadas e nada volta a ser como era antes. Eu sei do que estou a falar. Infelizmente. Este livro mexeu com os meus pensamentos guardados. Fez-me pensar muito na minha família, antes e após a morte do meu pai. Por algumas horas, consegui viver a história narrada pela Donna Tartt.

 

Um dos momentos mais emocionantes deste livro é quando o título é explicado subtilmente. Quase que uma lágrima rolou nesta cara. Apesar do romance ser estendido inutilmente cerca de cem páginas (ou mais) gostei bastante da leitura. Já li todos os três livros escritos pela Donna Tartt! Quero mais! Acho que posso sugerir como primeira leitura da autora o livro A História Secreta. O meu preferido continua a ser O Pintassilgo. Logo a seguir, os outros dois, lado a lado. 

 

O mais engraçado é que encontrei vários elementos semelhantes em todos os livros. Como que uma ligação entre eles. Irei escrever sobre isso. 

 

Um livro para leitores que adoram bons personagens, calhamaços e histórias com cargas emocionais intensas, mas pouco explicitas. 

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