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amulherqueamalivros

Dom | 27.11.16

"Nem Todas As Baleias Voam" | Afonso Cruz

Cláudia Oliveira

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Assim que um novo livro de Afonso Cruz é lançado fico numa agitação imensa para lê-lo. Por ser quem é, por ser o meu autor português preferido (depois de José Saramago). Com este seu último romance não foi excepção. Precisava de Afonso Cruz na minha vida, precisava de palavras mágicas. Eu gosto da escrita, gosto dos personagens peculiares. Da forma como desenha a história. Dos sentimentos que me faz sentir. 

 

Este livro conta várias histórias. Dificilmente um livro de Afonso Cruz tem apenas uma história. São várias, sempre ligadas de alguma forma. Temos o Eric, pianista, um homem completamente apaixonado por uma mulher chamada Natascha. Ele desespera pelo seu regresso, por um telefonema. Vivemos juntamente com ele o desespero de um amor sem retorno. Depois, temos o Tristan, o filho de Eric e Natascha, ele e a sua infinita tristeza. Por não ter a mãe na sua vida. Pelo pai distante, com a cabeça na partida da mulher. No amor, nas recordações, na música.

 

A música ajuda a curar a tristeza ou traz mais melancolia? A música consegue ser uma arma contra a guerra e o racismo? O grupo Jazz Ambassadors, através de um plano traçado pela CIA durante a Guerra Fria, acha que sim! Colocar os negros a tocar música que os brancos apreciam parece ser um bom plano. A música é transformadora, libertadora. Este livro está cheio de palavras tocadas. 

 

Infelizmente, não senti o impacto dos outros livros do mesmo autor. Senti que as palavras bonitas não passaram de palavras bonitas. Delineadas para tocar o coração do leitor mais sensível. Com alguns diálogos que para mim não fizeram muito sentido. Talvez o problema seja meu, talvez o problema não seja de ninguém e o livro simplesmente não me tenha tocado. As expectativas dão sempre cabo de tudo, não é verdade? 

 

Foi com alguma tristeza que fechei este livro. Com vontade de o reler, antes do próximo romance, que certamente vou comprar e ler com a mesma gana. 

 

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