ANGOLA | Essa Dama Bate Bué!, Yara Monteiro
Editora Guerra & Paz
Lançamento Setembro 2018
Ideal para o projeto Do Quarto para o Mundo, Essa Dama Bate Bué! tem os ingredientes necessários para conhecer o país em causa. A sinopse previa um livro rico em referências da cultura angolana, as expectativas concretizaram-se. Não podia pedir melhor de uma autora contemporânea, uma estreia competente por parte da escritora Yara Monteiro.
Esta história fez-me conversar com o meu marido sobre a sua terra e ouvir as suas memórias. Perguntava-lhe várias vezes, "é mesmo assim?", "conheces esta expressão?", etc...Do inicio ao fim são dados vários pormenores da cultura angolana, desde expressões, a forma como as personagens convivem e belas descrições das pessoas e espaços.
"A cidade está anestesiada e em silêncio. A chuva já tinha tomado conta das entradas e dos passeios. Ao passarem, os carros criam pequenas ondas. Lixo, bacias, brinquedos e até um guarda-sol colorido flutuam na água barrenta. Debaixo dos telheiros, há gente a proteger o que parece serem artigos para venda. Em casas miseráveis, jovens e velhas usam baldes ou bacias para retirarem a água que lhes entra pelo quintal. "
Vitória, a heroína desta história, nascida em Angola, educada pelos avós em Portugal desde os dois anos de idade, regressa ao lugar onde nasceu para procurar a sua mãe, uma revolucionária. Fica numa casa de familiares, a partir daí irá descobrir uma infinita coisas sobre si e os seus.
Melhor do que as personagens e os diálogos, são os pormenores que a autora larga ao longo das páginas. Não senti nenhuma dificuldade em compreender o que me era contado, apesar das dezenas de expressões angolanas utilizadas Gostei de descobrir mais sobre um país que me fascina. Que destruído parece ter a maior força através das pessoas, beleza e ingenuidade.
Gostei muito até metade, depois o meu entusiasmo esmoreceu com o destino que Yara Monteiro deu às personagens. A história passou a ter demasiadas reviravoltas que me distanciaram do enredo central. Consequentemente, acabei por sentir pouca emoção no desfecho final. No geral, é um livro com uma narrativa rica em apontamentos culturais. Ou seja, senti a cultura angolana próxima. Algumas passagens podiam ter sido mais exploradas e aprofundadas.
Recomendo para quem procura um livro marcado pela cultura angolana, com pedaços da sua história e gente. Faltam 193 países 193 escritoras para concluir este projeto.
Yara Monteiro acabou de se estrear!
Três palavras para este livro:
- Raízes
- Beleza
- Descoberta
Vou continuar no continente africano, desta vez escolhi Ruanda. A escolha recaiu num livro que se prevê duro devido ao tema, o genocídio ocorrido no século XX. Estou com enormes expectativas porque nunca li nada sobre o assunto.