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amulherqueamalivros

Qua | 13.12.17

O BIBLIOTECÁRIO DE PARIS | MARK PYROR

Cláudia Oliveira

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Hugo, chefe de segurança da embaixada norte americana, encontra o diretor da Biblioteca Americana morto numa sala fechada. Desconfiado em relação à morte por causas naturais acaba por começar numa investigação. Vários acontecimentos desenrolam-se após a primeira morte de forma lenta, mas interessante. Apesar de não simpatizar com o protagonista devido à apática forma de levar o relacionamento com a Cláudia, acabei por ficar interessada em seguir as suas intuições e conhecer o desenlace da história. Acabei por ficar curiosa em relação ao desfecho e intrigada com tudo o que estava a acontecer. 

 

Fiquei ligeiramente desiludida com o facto de a história não abordar o tema da segunda guerra. Sinto-me enganada em relação à capa, sabem? No entanto, Paris está bem representada, adorei voltar à cidade através do livro.

 

É um livro com uma narrativa fluida, simples e uma investigação que raramente me surpreendeu.  No entanto, para intercalar entre leituras fortes e pesadas foi a melhor experiência possível. É um livro que recomendo se queres um livro sem grandes artifícios, com mistério e mortes à mistura. 

Qua | 13.12.17

O LIVRO DE EMMA REYES | EMMA REYES

Cláudia Oliveira

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Emma Reyes é o exemplo de alguém que não mostra rancor perante a sua vida cruel e miserável. Num tom cru, sem amargura, revela através de cartas para o amigo historiador Germán Arciniegas detalhes sobre a sua infância de emocionar qualquer um. Precisei de tempo para digerir tudo, respirar fundo. Senti revolta por ela, sendo tudo tão triste acabei por absorver essa carga durante a leitura. Vidas tão difíceis. Vidas tão miseráveis.

 

Num quarto com a sua irmã e o Menino, todos os dias de manhã precisa de despejar o penico. Cheio de fezes, carrega entre salpicos e agonia até ao depósito. Num lugar despido de móveis, luxos ou comida. A colombiana tem um olhar muito vincado sobre a sua história de menina pobre e ingénua. Sem amor, conforto, roupa e comida, passa pela miséria como quem vê a sua aldeia arder,  mas pensa ser o fogo de artificio mais bonito. O momento mais triste deste livro é tão intenso que ainda escuto os gritos de abandono. Emma pegou na tristeza e transformou em força.

 

Os adultos são sombras altas e pesadas. Indecifráveis. Mais tarde, num convento de freiras conhece o trabalho e os maus tratos. O lugar de amor está cheio de leis cruéis da fé.  Uma menina sem pais não pode ser recebida por Cristo, muito menos sonhar com um vestido branco ou ser freira. Neste convento é onde aprende a ler e a escrever e recebe pequenos gestos de carinho por parte de uma freira. Fui obrigada a questionar os valores da igreja católica perante duas meninas abandonadas. O relato é duro e sufocante. Ser espectadora destas injustiças é um tremendo desafio.

 

No final coloca-se a veracidade desta história após várias pesquisas e entrevistas. Ninguém sabe a verdade sobre a sua origem. Se por um lado temos a minuciosidade dos detalhes, por outro existem poucas provas. Eu acredito. Emma Reyes sempre fugiu da pergunta: quem era o teu pai? Já famosa e casada, sempre que recebia as visitas da irmã pedia para não ser incomodada e só voltava a dar noticias mais tarde. Ela conviveu com artistas conhecidos e teve uma vida muito diferente depois de ter fugido do convento. Verdadeira história de resiliência.

 

Recomendo muito. Este livro foi uma espécie de comboio desenfreado contra mim.