"Escombros", de Elena Ferrante. A minha autora preferida continua a integrar as leituras mais um mês. Estou quase a ler tudo o que ela escreveu editado em Portugal. O que me provoca um sentimento de tristeza. As minhas expectativas em relação a este são muito grandes. Espero conhecer mais sobre o seu processo de escrita e a forma como a Ferrante pensa em relação ao mundo. Ando a ler devagarinho o livro do Gonçalo M. Tavares, "A Mulher Sem-Cabeça e o Homem do Mau Olhado". Coloquei no meio um thriller, novidade da TopSeller. É uma autora recomendada para quem gosta da Paula Hawkins. Espero que corra bem porque os thrillers têm deixado muito a desejar ultimamente. As duas novidades da Quetzal foram compras recentes. Quero ler as duas desesperadamente. Principalmente os contos da argentina Mariana Enriquez. Ela está em Portugal, mas infelizmente não consegui estar no evento. As criticas têm sido óptimas. E a capa? Brutal. Estou à espera do clássico para levar na viagem a Paris oferecido por uma pessoa querida dos livros. Será "Nossa Senhora de Paris", de Victor Hugo. Para o projecto #LGBT vou ler o conto "Brokeback Mountain" (também pretendo ver o filme).
Emma Donoghue apresenta agora um registo diferente no seu último romance. O "O Quarto de Jack" fez imenso sucesso e o filme ainda recebeu uma nomeação ao Oscar como melhor argumento adaptado. Aliás, o filme é brutal. Filme de qualidade e obrigatório.
Desta vez vamos até à Irlanda do século XIX com uma nova protagonista chamada Anna. Ela tem onze anos, afirma que está sem comer desde o dia do seu último aniversario, há quatro meses.Os pais parecem muito calmos com toda a situação. Lib Wright é uma enfermeira inglesa contratada para cuidar dela numa tentativa de desmascarar a situação. Não existem dúvidas que Anna está no meio de uma grande mentira, mas ninguém sabe em que condições. Por outro lado temos o povo que acredita numa espécie de milagre, numa criança prodígio. Como é que a Anna consegue sobreviver nestas circunstâncias? Precisam de ler para descobrir.
O mais impressionante neste romance é o facto de ser inspirado em factos reais. O pano histórico também é cativante. Uma Irlanda fragilizada, entre 1845-1849, pela Grande Fome. Um período de fome, doenças e emigração em massa. Um país triste, melancólico.
Há uma linha ténue que separa a ingenuidade da mentira. A fé distingue os indivíduos. A força da religião separa grandes povos. São necessárias crenças e mitos para segurar vidas perdidas. Onde está o limite? As pessoas precisam de acreditar em milagres. Precisam de acreditar em alguma coisa para continuarem.
A história absorveu-me, encheu-me de dúvidas. Estava interessada no que se passava dentro daquela casa. Comecei logo a criar teorias e a ficar nervosa com o fanatismo religioso. Incomoda-me tudo o que seja extremista e sexista. Incomodou-me imenso a atitude dos pais perante a situação.
A história estende-se muito na discussão sobre a mentira e a verdade. A enfermeira repete as suas dúvidas exaustivamente. Os diálogos longos dão algum ritmo à história que é bastante lenta. Os capítulos longos não ajudam na dinâmica e no mistério.
Há uma ligeira evolução da autora, gostei mais da narrativa deste apesar dos personagens serem menos cativantes. Estou desconfiada que este romance vai apanhar desprevenidos os fãs do primeiro grande sucesso. A autora mostra habilidade num registo diferente, superou as minhas expectativas e deixou-me a desejar por mais. Agora queremos o filme.