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amulherqueamalivros

Ter | 01.11.16

Nujeen | Christina Lamb

Cláudia Oliveira

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No Goodreads

Minha pontuação 4*

 

Um livro de não-ficção é na maior parte das vezes uma aprendizagem. Este livro não foi excepção. Uma mensagem muito forte, uma história inspiradora.

 

Nujeen é uma menina de 16 anos, com paralisia cerebral, numa cadeiras rodas. Ela acaba por ser obrigada a deixar o seu país devido à guerra e transformar-se numa refugiada em busca de uma casa. O livro é contado na primeira pessoa, o que torna tudo mais intimista. Ela conta como ficou com paralisia cerebral. Como viveu os primeiros tempos de guerra numa cadeira de rodas. Como foram difíceis os tempos com refugiada. Como era tratada, como o seu povo era tratado. Coloca questões pertinentes sobre a humanidade. Mostra alguma revolta, mas nunca é azeda. Sorrir é o seu lema.  

 

Este livro devia ser lido por toda a gente. É exactamente isso que eu sinto. É um livro importante para romper com os preconceitos em relação aos refugiados. Acabamos por entender várias situações que nos foram transmitidas de outra forma na televisão. Ficamos com noção do que se passa dentro da comunidade de refugiados. Como são desprezados pela sociedade. A mensagem é muito forte e bem transmitida. É impossível ficar indiferente.

 

Nujeen é uma menina com uma realidade completamente diferente da minha. Senti-me muito pequenina diante da sua grandeza. Ela é bastante inteligente, decora datas e factos históricos com bastante facilidade. Aprendeu imenso a ver televisão e mais tarde a observar os outros. A sua vida sofreu uma enorme transformação e todos os dias enfrenta as saudades e os preconceitos devido à sua religião. Fala na guerra da Síria e como ela e a sua família foram tratados por serem curdos. Aborda a religião e acaba por mostrar o que pensa sobre a religião dos outros. Também utiliza a boa disposição para relativizar os problemas. No fundo, este livro serve para mostrar que os refugiados são pessoas em busca de um lar, obrigados a deixar as suas casas, obrigados a ver sofrer um povo devido à maldade e crueldade dos outros. 

 

A capacidade de sonhar é uma constante na vida de Nujeen. Talvez tenha sido o mais importante para vencer todas as batalhas no meio da guerra. A esperança de encontrar um lugar onde pudesse viver. Acho maravilhoso a força transmitida neste livro. Ela é apenas uma menina com sonhos. Não é a história da coitadinha, pelo contrário. Esta é uma história no meio de tantas outras crianças refugiadas. Crianças desprezadas e ignoradas pelo mundo. 

 

O livro aborda temas bastante actuais numa linguagem muito acessível. Quando comecei a ler esta história não queria parar de maneira nenhuma. Lê-se incrivelmente bem. Cativou-me até à última palavra. Espero que o livro não passe despercebido nem acabe no fundo das prateleiras. É um livro necessário. Aprendi imenso. 

Ter | 01.11.16

A Seta do Tempo | Martin Amis

Cláudia Oliveira

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No Goodreads

Minha pontuação 4.5*

 

Esta foi provavelmente a leitura mais difícil deste ano. É um livro que necessita de extrema atenção e acredito que não consegui captar tudo o que o autor quis dizer nas entrelinhas. Mas são estes os livros que mais prazer me dão. Primeiro o autor conquistou-me de tal maneira que pretendo ler mais livros dele. Depois a história é contada de uma forma completamente diferente de tudo o que já li. Adoro quando sou surpreendida desta forma. 

 

A história é contada de uma forma particularmente original. Acompanhamos os personagens de trás para a frente. Desde adultos até serem crianças,. Os diálogos também são iniciados pelo final. Nas primeiras páginas tive a sensação de ser sugada para dentro do livro e andar às cambalhotas. Depois tudo se compôs, acabei por encontrar algo sentido no meio da confusão. 

 

A critica à sociedade feita pelo autor é espectacular. Quantos caminham sem entender o que se passa à sua volta sem fazer um esforço para entender? Toca nas feridas, mexe com os dedos e segue o caminho como se não tivesse dito nada de mal. Sarcástico, de uma extrema elegância. O livro está cheio de passagens interessantes sobre todos nós.  

 

"Mas a opinião mundial, enquanto força, já se foi há muito tempo. Não se consegue dizer ao certo quando aconteceu isso. Após o tiro para a Lua, lembro-me eu, apagou-se uma luzinha na cabeça de toda a gente; de repente o mundo pareceu mais aconchegante, mais local, mais bafiento. A opinião mundial, por outro lado, desapareceu lentamente. Tal como a consciência dentária de si mesmo. Hoje em dia veem-se sorrisos de ogre por todo o lado, e ninguém se importa. As pessoas não se importam tanto com o aspecto das outras pessoas. Por isso as pessoas podem ser o que são, sem se importarem que as outras se importem."

 

Foi neste livro que encontrei a melhor definição de amor. Uma comparação improvável. Martin Amis sabe escrever tão bem sobre amor sem cair no ridículo ou lamechice. Há uma relação emocional entre o Tod e outra mulher com divagações absolutamente encantadoras. 

 

Tod acaba por ir parar a Auschwitz onde vai praticar medicina. Nesses capitulos são descritas situações no campo de concentração arrepiantes, duras. O autor conjunga a frieza com a subtileza. Adorava encontrar uma palavra extraordinária para descrever a escrita de Martin Amis. 

 

Rendi-me à narrativa, à escrita, às ideias. Fiquei perdida, reli alguns paragrafos e no final senti-me transformada. Fantástico na sua originalidade. Denso na sua mensagem. Um livro que tenho receio de recomendar a toda a gente, mas que me encheu as medidas. 

Ter | 01.11.16

Lançamento | A Gorda | Isabela Figueiredo

Cláudia Oliveira

Adorei a sinopse. Preciso deste livro! Sai hoje!

 

SINOPSE
 

Maria Luísa, a heroína deste romance, é uma bela rapariga, inteligente, boa aluna, voluntariosa e com uma forte personalidade. Mas é gorda. E isto, esta característica física, incomoda-a de tal modo que coloca tudo o resto em causa. Na adolescência sofre, e aguenta em silêncio, as piadas e os insultos dos colegas, fica esquecida, ao lado da mais feia das suas colegas, no baile dos finalistas do colégio. Mas não desiste, não se verga, e vai em frente, gorda, à procura de uma vida que valha a pena viver.

Este é um dos melhores livros que se escreveu em Portugal nos últimos anos.