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amulherqueamalivros

Sex | 14.10.16

Annabel | Kathleen Winter

Cláudia Oliveira

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No Goodreads

Minha pontuação 5*

 

Este livro foi um presente inesperado e acabou por ser uma leitura surpreendente e maravilhosa. Oferecido pela Dora numa troca de livros, acabei por ler na última maratona literária na qual participei. Não foi o facto de ele ter na capa a seguinte frase: "Finalista do Orange Prize 2011" que despertou o meu interesse, foi a sinopse. 

 

Passa-se em 1968, numa vila canadiana muito pequena, onde nasce um bebé com os dois sexos. No momento do parto estão presentes apenas os pais e a parteira, uma amiga da família chamada Thomasina. O pai quer que o bebé seja criado e educado como um homem. A mãe e a Thomasina sentem que aquele bebé é uma menina. 

 

Este assunto era tabu e continua a ser, o que faz deste livro uma leitura necessária. A sociedade machista dominava e as mulheres viviam reprimidas. A história é um retrato fiel dos tempos passados e dos tempos actuais. O que mudou entretanto, perguntamos ao longo da leitura. No entanto, vamos encontrar mulheres fortes prontas para ir contra a corrente. É interessante ver a força das mulheres perante o poder dos homens. 

 

"As pessoas eram rios, sempre prontas a passarem de um estado de ser para o outro. Não achava justo tratar as pessoas como se fossem finitos."

 

Destaca-se Thomasina, uma personagem secundária que rouba o destaque das outras personagens sempre que aparece, com a sua própria fé e convicções. Acabei por gostar de todas as personagens, são muito bem construidas dentro da sua individualidade. Mesmo não concordando com a decisão do pai do bebé, acabei por conseguir nutrir por ele vários sentimentos. É um homem conservador, de poucas falas, com grande amor pelo filho. Annabel é uma personagem fantástica, é impossivel não sentirmos curiosidade em relação à permanente descoberta que faz dele mesmo em relação à sexualidade e à vida no geral. 

 

Nunca tinha lido nada sobre hermafroditismo e adorei. Acho que a história passa uma bela mensagem sobre a condição humana e princípios morais. O que somos? O que é que a sociedade espera de nós? O sexo define a nossa personalidade? A autora conta a história com descrições lindíssimas, nunca é lamechas nem acrescenta cenas desnecessárias. 

 

Algumas pessoas provavelmente não vão gostar do final, mas considero maravilhoso. Este livro fez-me aprender e pesquisar bastante. Mexeu com as minhas emoções, transformou-me e trouxe-me questionamentos que nunca teriam sido possíveis sem ele. A maternidade é um assunto que me interessa, ler livros onde podemos ter contacto com outras experiências bem distintas é absolutamente formidável. É a essência da literatura. 

 

Adorava que todos lessem este livro. 

Sex | 14.10.16

Deixei-te ir | Clare Mackintosh

Cláudia Oliveira

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No Goodreads

Minha pontuação 3.5*

 

A história começa muito bem. Imaginem uma mulher caminha com o seu filho de cinco anos, este é atropelado e morre. A pessoa que o atropela foge e deixa esta mulher num estado lastimável com o filho nos braços. 

 

De tanto ouvir falar nele, decidi comprar e arriscar. Sabia que era para leitores agradados com o livro A Rapariga no Comboio, mas apesar de nem sequer tinha lido a capa chamava por mim. Sabia pouco sobre ele. 

 

Se por um lado temos a história desta mãe que vê partir o seu único filho e vê a sua vida mudar completamente. Temos também os dramas familiares do detective Ray. O enredo está muito bem elaborado, porque consegue juntar várias histórias e encruzilhar os personagens mantendo sempre o suspense. Neste livro, não consegui descobrir o verdadeiro culpado antes do momento da revelação. 

 

Não gostei de alguns clichés frequentes em quase todos os policiais que tenho lido. Senti-me confusa em alguns momentos da história. Os capítulos alteram entre vários pontos de vista, às vezes sentia-me perdida na história. Gostei da forma como a autora narrou a história. Tem requinte, é uma escrita muito introvertida sem espaço para uma leitura corrida. No entanto, depois da grande reviravolta, somos levados numa bola de neve de revelações e ficamos surpreendidos com o desfecho. 

 

A autora quis transpor para a história a dor de uma mãe com a morte um filho. Emocionei-me com ela e senti a dor da personagem em alguns momentos. Foram as minhas passagens preferidas. A dor abismal, o vazio que fica após a partida de um elemento tão querido. 

 

Nas primeiras páginas não estava a gostar do livro devido à narrativa lenta e pouca acção. A minha opinião acabou por mudar ao longo da leitura. Toca em assuntos muito contemporâneos como a violência doméstica, adultério, negligencia familiar, pais ausentes, entre outros. 

 

Recomendo para quem não espera uma leitura alucinante deste a primeira página, mas gosta de thrillers onde a dor e os problemas sociais estão bem presentes em cada capitulo.