Hoje venho revelar o clássico para o Clube dos Clássicos Vivos. Escolhi para o mês de Maio o clássico Orlando, de Virgínia Woolf. Quero ler há imenso tempo, estou super entusiasmada.
A leitura conjunta começa no dia 1 e vai até ao último dia do mês. Quem vai participar? Quem já leu? Deixem comentários.
A autora bielorrussa venceu o Prémio Nobel da Literatura em 2015. Fiquei bastante surpreendida e feliz por ser uma mulher e por escrever livros de não-ficção. O prefácio de Paulo Moura explica a importância de um prémio tão importante para uma autora deste género. Gostei bastante do prefácio, é uma excelente nota introdutória. Outra coisa que me agradou imenso, a tradução feita directamente do bielorruso.
Este livro tem um dos capítulos mais difíceis que eu já li na minha vida enquanto leitora. Está presente em todas as páginas sofrimento. Foi uma leitura que mexeu muito com as minhas emoções e me fez sentir pequena.
Em 1986 aconteceu o desastre nuclear em Chernobyl. Pouco ouvimos falar sobre o assunto, certo? As pessoas que viviam em Chernobyl naquele momento não foram avisadas e continuaram a viver ingenuamente sem conhecimento do perigo. Mais tarde quando se apercebem e lhes é revelado o que realmente está a acontecer têm que abandonar as suas casas juntamente com as suas famílias, sem pertences e os seus animais de estimação. Algumas pessoas recusam-se a ceder, preferem pôr à prova a própria vida.
Devido a guerra alguns têm que fugir para Chernobyl. Não há como escapar à morte. O livro tem muita angustia, saudade e tristeza. Os capítulos que mais me chocaram foram os capítulos sobre crianças e grávidas. Ninguém consegue para ficar indiferente. São histórias sofridas. Emocionei-me também com as histórias de amor destruídas pelas radiações. No livro, para contrariar tanta dor, surge alguns momentos de humor. São feitas piadas sobre o assunto.
O livro dá voz às pessoas com sonhos destruídos. A autora consegue transformar os relatos em histórias inspiradoras e transformadoras. A estrutura do livro é interessante. São relatos na primeira pessoa, transformados pelo talento da autora. Confesso que existiram alguns momentos em que o ritmo de leitura quebrou por causa da estrutura escolhida, e talvez desagrade alguns leitores. No entanto, as histórias e a experiência de leitura é superior a esse pequeno pormenor.
É um livro incrível. Uma leitura que me marcou bastante e figura na minha lista de preferências em relação aos livros de não-ficção. Parabéns à editora Elsinore pela oferta diversificada e qualidade das edições.
Não tenho conseguido ver os filmes todas as semanas como era suposto para o desafio Veja Mais Mulheres, mas na semana passada vi um documentário bastante interessante chamado Bridegroom, da realizadora Linda Bloodworth-Thomason. O documentário conta a história de um casal homossexual com um final muito trágico.
Depois de assumirem para eles mesmos a sexualidade, tiveram que lutar contra o preconceito das pessoas da aldeia onde viviam e da família. É interessante ver como descobriram a homossexualidade. Ambos viviam numa aldeia pequena e preconceituosa.
Vivim juntos há seis anos até que um elemento casal cai de uma altura de quatro andares e morre. A família dele, sobretudo a mãe, vai tomar uma atitude surpreendente e preconceituosa. Proíbe o companheiro do filho de ir ao funeral. Mas já no hospital ele é afastado pela equipa médica porque não o consideram da família.
Uma história de amor entre duas pessoas do mesmo sexo em pleno século XXI onde preconceito é uma realidade.
Do Kakfa li A Metamorfose e gostei do impacto que teve em mim na altura. Sempre quis ler Carta ao Pai devido à temática, no final da leitura fiz uma relação entre os dois livros.
Carta ao Pai não é nada mais do que uma carta do Kafka ao pai num tom acusador e dramático. Acusa o pai de ter exercido uma enorme influencia negativa na sua vida. O pai dele é um homem detestável. Sempre a exigir muito do filho, humilhando-o diversas vezes. O livro deixou-me com os nervos à flor da pele.
Vejo esta carta como uma tentativa do Kafka libertar-se. As palavras estão cheias de rancor e orgulho ferido. Percebe-se uma enorme tristeza. A carta é intimista, deixou-me um nó na garganta em algumas passagens. Não seria capaz de reler este livro.
É um livro transformador, fez-me pensar na relação que quero ter com os meus filhos e na forma como quero que eles e vejam.
Adorei a releitura deste livro. Acabei por dar cinco estrelas desta vez. Uma das melhores leituras deste ano. Ansiosa para começar o segundo volume, ao mesmo tempo não quero terminar de ler esta colecção tão depressa. Vou contar-vos porque adoro este livro. Já tinha falado nele em 2015, podem ler AQUI.
A autora utiliza um recurso que gosto bastante. No meio de uma peripécia, desvenda um pouco do que tem para contar mais tarde, deixando o leitor ansioso pelo relato. Também consegue manter um clima de mistério ao longo da trama. As últimas páginas são fantásticas. É impossível não ficar de boca aberta ou sair de casa a correr para ir comprar o próximo volume depois daquele final. A escrita cativante mantém uma aura de mistério durante toda a história, sobretudo em relação a uma das personagens, a Lila. A minha personagem preferida. Senti falta de conhecer a história pela seu ponto de vista.
A história é narrada pela Elena (Lenú), a melhor amiga de Lila. Elas conhecem-se muito novas e nunca mais se largam. A relação de ambas vai converter-se numa amizade genuína após passar por várias fases. A Lenú sente uma obsessão em relação à sua amiga, compete constantemente com ela. Inferioriza-se, enaltecendo sempre a amiga. Isso incomodou-me regularmente.
Gosto sobretudo da da importância que a professora exerce na vida destas duas meninas, assim como da história das famílias presentes neste livro. Todos os personagens são cativantes e cheios de camadas. Apesar da narrativa não possuir um ritmo rápido a história fica melhor a cada página. Aposto que os próximos livros são melhores. São, não são?
A história bastante verosímil. Segunda minha teoria, é a história da própria autora. Talvez por isso tanto mistério à volta do anonimato de Elena Ferrante. Ou golpe de marketing?
Não é somente um livro sobre mulheres nem para mulheres. É um livro que mostra a infância e adolescência de uma amizade entre duas crianças. Este livro aqueceu o meu coração, levou-me a viajar até à minha infância e adolescência e recordar as minhas amizades. Tive a sorte de ter conhecido a minha amiga genial que ainda hoje está ao meu lado.
Pretendo ler os próximos volumes ao longo do ano. Estou encantada!