Deixa Comigo | Mario Levrero
Minha pontuação: 3.5*
O protagonista quer editar o seu livro, mas o dono da editora (o Gordo) faz-lhe uma proposta: dá-lhe o dinheiro se descobrir o autor de outro livro que chegou num envelope assinado pelo pseudónimo Juan Pérez. O livro foi avaliado pela academia sueca, estão muito interessados em editar o livro, mas precisam da autorização do autor devido às burocracias habituais. Ele aceita, parte até Penurias em busca do autor desconhecido. Penurias é uma cidade inventada pelo autor, não façam como eu que cismou em encontrar imagens da cidade no Google.
É uma história enganadoramente simples. Existe uma critica aos interesses que movem muitas editoras. Também acho que há uma ligação aos romances policias. No final, após a novela, numa entrevista imaginária do autor a sim mesmo, existem várias referencias à estrutura dos policiais. Sobretudo na forma como o detective/investigador encontra as respostas ao mistério através de simples coincidências, enquanto divertiu o leitor com outras peripécias.
A novela Deixa Comigo é uma analogia ao romance policial? Acredito que sim. Adorei o desfecho, após a leitura reflecti bastante sobre ele. O que queria o autor dizer com esta história? Cabe a cada leitor tirar as suas próprias conclusões.
Na página 114, o protagonista é confrontado com uma situação que coloca em dúvida todos os seus conhecimentos sobre estilos literários. Ele afirma que é fácil reconhecer quando um livro é escrito por uma mulher ou por um homem.
Um livro para leitores que gostam de histórias inusitadas contadas num tom irónico.
Tive a sorte de ser presenteada com este livro e conhecer a escrita do escritor uruguaio Mario Levrero. Obrigada Wolney! Li este livro para o Projecto Atlas das Nuvens. Infelizmente, o autor nunca foi traduzido em Portugal. Descobri a literatura latino-americana recentemente e estou cada vez mais fascinada. Tão bom!
O próximo livro do projecto é do autor bósnio Sasa Stanisic. Mais uma vez, não existe nenhum livro, do autor escolhido para o mês de Março, traduzido em Portugal. Alguém tem alguma dica de um livro escrito por um autor bósnio que queira partilhar? Agradecida.