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amulherqueamalivros

Qua | 20.05.15

Roleta literária

Cláudia Oliveira

Se à partida conheço os meus gostos e sei quais são os livros que me enchem as medidas porque insisto em ler outras coisas? Uma vez ouvi uma booktuber que prezo bastante (Claire) dizer que a maior qualidade que um leitor pode ter é "não ter medo de sair da sua zona de conforto". Eu saio várias vezes da minha zona de conforto, acabo sempre desiludida. Salvo as exceções. Devia escolher apenas livros e autores que já conheço? Devia começar a ler a sinopse? Devia prestar atenção nas capas? As exceções têm valido a pena. Sempre prefiro o desconhecido e já tive a sorte de conhecer autores novos por causa desta minha vontade de arriscar. No entanto, tenho gasto dinheiro em livros que não mereciam um cêntimo da minha parte se os tivesse lido antes. Se tivesse lido a sinopse talvez nem os tivesse comprado. Será um risco constante ser leitora? Faz parte do processo? A descoberta é o lado encantador de ser leitor,. É, deve ser. 

Qua | 20.05.15

Quando um livro começa desta forma...

Cláudia Oliveira

Eu tenho oito anos. Eu vou contar tudo do jeito que eu sei porque mamãe e papai me falaram para eu contar do jeito que eu sei. E depois eu falo do começo da história. Agora eu quero falar do moço que veio aqui e que mami me disse agora que não é tão moço, e então eu me deitei na minha caminha que é muito bonita, toda cor de rosa. E mami só pôde comprar essa caminha depois que eu comecei a fazer isso que eu vou contar. Eu deitei com a minha boneca e o homem que não é tão moço pediu para eu tirar a calcinha. Eu tirei. Aí ele pediu para eu abrir as perninhas e ficar deitada e eu fiquei. Então ele começou a passar a mão na minha coxa que é muito fofinha e gorda, e pediu que eu abrisse as minhas perninhas. Eu gosto gosto muito quando passam a mão na minha coxinha. Daí o homem disse para eu ficar bem quietinha, que ele ia dar um beijo na minha coisinha. Ele começou a me lamber como o meu gato se lambe, bem devagarinho, e apertava gostoso o meu bumbum. Eu fiquei bem quietinha porque é uma delícia e eu queria que ele ficasse lambendo o tempo inteiro,...

 

O Caderno Rosa de Lori Lamby de Hilda Hilst

Presumo que já almoçaram a esta hora.

Qua | 20.05.15

Franny e Zooey | J.D. Salinger

Cláudia Oliveira

Como escrever sobre este livro? 

Avanço, desde já, que gostei bastante do livro. 

Vou levantar a ponta do véu para incentivar à leitura deste livro. 

 

 

Franny encontra-se com o seu namorado num restaurante. Durante a conversa, à mesa, começa a sentir-se mal. Nota-se que entre eles não existe química, nada em comum. Ela tem dentro da sua mala um livro. Inicialmente não sabemos qual é o livro. Nem os motivos da má disposição. O namorado insiste em saber que livro é aquele. A revelação é feita. Ela está obcecada com aquele livro. A história não gira em torno do livro, é mais do que isso.   

Não quero falar muito deste livro para não estragar a leitura de ninguém. Li-o sem saber nada sobre ele, acabei por ter uma experiência de leitura muito positiva. Foi uma descoberta constante. Os personagens, as motivações, a ligação entre eles. E os diálogos? Que diálogos são aqueles? Fantásticos! As discussões inteletuais entre pessoas com pontos de vista diferentes. 

Achei o livro muito interessante. Fiquei agarrada até ao fim. Salinger tem uma escrita forte e crua. Sem descrições, direto ao assunto. Os personagens questionam a existência da vida, a religião, o ego, a arte. Na verdade não acontece nada nesta história, o leitor é levado a refletir juntamente com os personagens.

Refleti imenso com este livro e cheguei a algumas conclusões sobre os egos, sobre os outros. Uma história atual, intemporal. Os egos precisam de anunciar tudo o que fazem. Sempre foi assim. 

Não foi uma desilusão, pelo contrário, foi uma verdadeira surpresa porque achava que não ia gostar. Gostei de todos os personagens, da narrativa, dos diálogos e, essencialmente, de voltar a ler Salinger. Uma releitura, mais tarde, com outra maturidade, vai trazer benefícios e uma reflexão maior. Quem sabe, conclusões diferentes. 

4 estrelas. 

Qua | 20.05.15

Não te suporta mas nem sabes os motivos

Cláudia Oliveira

Eu tento. Deixo um comentário, depois outro. Sempre simpática. Respondem-me com um smile. Um smile não é nada. Talvez o meu comentário tenha sido vago. Um smile só se justifica assim. Adiante. Volto e deixo um comentário elaborado. Simpático e elaborado. Recebo um smile ou nem chego a receber alguma coisa. Destaco a pessoa, escrevo sobre ela, no quanto me inspira, no quanto ela escreve ou fala bem, mostro a minha adoração. Sem querer dinheiro, vamos esclarecer. Quando gosto, talvez seja chata. Se calhar é isso. Ou as pessoas acham que queremos alguma coisa delas. A pessoa ignora-me novamente. Talvez não goste de mim. Talvez seja culpa dos meus gostos literários, de não ter concordado com alguma coisa. Ou simplesmente, não gosta. É permitido. Acabo por me cansar e nunca mais apareço. História da minha vida de booktuber e blogger.