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amulherqueamalivros

Sex | 13.02.15

Memorial do Convento | José Saramago

Cláudia Oliveira

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Existem várias edições deste livro, a minha preferência é a última edição. Um exemplar mora na minha estante. Uma capa simples com letras a negro. A edição está impecável.

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Já tinha tentado ler duas vezes este livro, mas não passava das primeiras páginas. Felizmente, após ler as opiniões positivas das participantes do desafio Ler Saramago, fiquei cheia de vontade e agarrei no livro mais entusiasmada. Felizmente, este mês foi o momento certo.

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A história passa-se no século XVIII durante o reinado de D. João V e a Inquisição. D. João promete construir um convento se a sua mulher engravidasse. E cumpre.

Temos também Baltazar e Blimunda, o casal central deste romance. Conhecem-se de uma forma inesperada, diria mágica, apaixonam-se perdidamente e vão viver juntos.

Depois, temos o Frei Bartolomeu Lourenço de Gusmão. Tem um sonho, construir uma passarola para voar.

A Inquisição persegue os sonhos de quem sonha e acredita neles.

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O livro está repleto de personagens bem construídos.

Saliento a grande e maravilhosa Blimunda, por quem me apaixonei perdidamente como ela se apaixonou por Baltasar. Tem um dom, mas não vou contar qual. Ela e o seu amado Baltasar são um par romântico cheio de poesia e amor.

Frei Bartolomeu é um sonhador, um louco sonhador. Aquele homem que gostava de ter como amigo. Fiquei um pouco triste com o seu destino, mas é válido. Bastante válido.

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O livro é intenso, cheio de longas frases, com todas as características conhecidas do escritor José Saramago. Adoro, mas possivelmente cansativo para alguns leitores. Não recomendo este romance como primeira leitura.

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Pequeno aviso. Este texto de opinião é reduzido em relação à grandiosidade desta obra. Prima, obra-prima! O livro surpreendeu-me, emocionou-me e deslumbrou-me.  

Sempre olhei para as grandes obras do homem com algumas dúvidas. Como construíram este convento/palácio com as condições operárias na altura? Acho impressionante. Não havia a facilidade de mobilidade, muito menos as máquinas desenvolvidas de hoje. O livro descreve muito bem esse aspecto. Um bocadinho cansativo de acompanhar mas interessante.

O amor está presente neste livro. O amor aliado aos sonhos. Tem passagens muito bonitas. Quando o casal Blimunda e Baltasar se encontra pela primeira vez, quando fazem amor, a forma como comunicam, entre outros momentos de uma enorme sensibilidade e beleza.

A dura crítica à religião, a deus. Às pessoas que servem a deus.  Questionamentos sem fim.

Os sonhos de Bartolomeu em querer voar. A maldita Inquisição presente neste livro, destruidora de sonhos.

E aquele final? Tive de ler três vezes para perceber (Para interiorizar) realmente o que se tinha passado. Brutalmente fantástico.

Este livro entrou para os livros da minha vida. Mais uma vez, Saramago deixou-me atordoada com tanto talento. Fez-me pensar nos meus sonhos. No amor. Na vida, na curta vida para os sonhos. Na curta vida para amar.

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5 estrelas.

 Opinião da Michelle AQUI

Sex | 13.02.15

A Mulher de Trinta Anos de Honoré de Balzac | Impressões às primeiras páginas vinte páginas

Cláudia Oliveira

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*A Mulher de Trinta Anos *de Honoré de Balzac começa assim:

Uma bela mulher chega à cidade de braço dado ao seu velho pai. A vontade de ver o Imperador ultrapassa o que a rodeia. Às pressas, chega ao local abarrotado de pessoas. Mas consegue entrar. Chega o Imperador no seu cavalo. A multidão grita, o momento é de grande emoção e entusiasmado. Júlia avista Vítor por quem fica vidrada. O pai tenta movê-la do local, pois está cansado. Ela rejeita a ideia. Júlia pede ao pai para se calar. Pai percebe que a sua filha está apaixonada e faz um discurso sobre a ilusão da mulher apaixonada. Um discurso maravilhoso. Como parar de ler este livro?

“Minha pobre Júlia, és ainda muito jovem, muito frágil, delicada demais para suportar os desgostos e as dificuldades do casamento. D’Aiglemont foi mimado por seus pais, assim como o foste por tua mãe e por mim. Como esperar que vocês possam se entender, ambos com vontades diferentes e cujas tiranias serão inconciliáveis?"

 

Os apaixonados não escutam ninguém. Facto.