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amulherqueamalivros

Ter | 16.12.14

Uma Menina Está Perdida no Seu Século À Procura do Pai | Gonçalo M. Tavares

Cláudia Oliveira

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Depois de ler Gonçalo M Tavares duas vezes, primeiro com O Senhor Valery, depois com Aprender a Rezar na Era da Técnica, ele passou a integrar a minha lista de autores portugueses preferidos. Assim que soube que íamos ter dose dupla no mês de Dezembro, meti na lista de desejos os dois títulos: Os Velhos Também Querem Viver e A Menina Está Perdida no Seu Século à Procura do Pai.

Comprei em primeiro A Menina Está Perdida no Seu Século à Procura do Pai porque este título conquistou-me à primeira vista (tenho uma pancada por títulos com as palavras: menina, mulher, rapariga). Assim como a capa. Na última visita à Fnac do Colombo, comprei-o e comecei a lê-lo no dia seguinte. São duzentas páginas, como se fossem cem.

A edição está linda. A Porto Editora está de parabéns! Nota-se zelo na edição.

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Marius encontra uma menina chamada Hanna na rua. Ela tem catorze anos, trissomia 21 e junto dela está uma caixa com indicações específicas para quem for lidar com ela. Marius foge de algo. Hanna procura o seu pai.

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Ao longo do enredo vamos conhecer várias histórias, vários personagens. Um fotógrafo que colecciona fotos de animais e pessoas com deficiências, uma família que cola cartazes em vários lugares do mundo, donos de um hotel que deram aos quartos nomes de campos de concentração. A criatividade do autor é inegável.

Cada capítulo tem uma mensagem sublime, por vezes indecifrável. Não se consegui captar tudo o que o autor quis transmitir. Parece-me uma chamada de atenção para vários assuntos. A forma como a sociedade lida entre si. As motivações desiguais de cada indivíduo. Os rostos revelam o que a mente esconde? Seguir em frente, lutar, ir atrás, fazer alguma coisa mesmo que muda apenas uma mente.

Gostei de ler este livro. Apesar de não sentir grande empatia com os personagens, nem nenhuma conectividade emocional, gostei de passar algumas horas ao lado de Marius e Hanna.

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A escrita de Gonçalo M Tavares surpreendeu-me. É mais simples, sem rodeios, ao contrário dos romances que li no passado.

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Estive entre três estrelas e quatro. Decidi-me pelas três estrelas. Não me arrebatou, apesar de reconhecer a qualidade do autor. Posso dizer que é um dos melhores da actualidade, eu acho. Gostei do livro, contudo recomendo com reservas.

 

Ter | 16.12.14

Projecto | Ler Saramago | Levantado do Chão | José Saramago

Cláudia Oliveira

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Publicado em 1980, é o terceiro romance de José Saramago.

O título não podia ser outro.  

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O livro tem várias histórias. A principal é a história da família Mau-Tempo, três gerações. Vai desde o final do século XIX até aos anos seguintes à Revolução 25 de Abril. Passa-se sobretudo no Alentejo, um retrato em jeito de homenagem aos “nossos” lutadores.

Saramago nas dificuldades, na miséria, na opressão vivida. É o retrato fiel da classe trabalhadora.

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Estava à espera de um romance estilo Saramago. Bem desenvolvido e forte.

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Personagens muito portuguesas, com alma alentejana. Humildes, trabalhadores, sonhadores. À espera de um futuro melhor, lutam pelos seus direitos. À espera de um futuro melhor, sonham, querem levantar-se do chão, onde trabalham curvados, com condições precárias.

Nem o sobrenome “Mau-Tempo” foi escolhido em vão. Personagens debaixo de nuvens negras, com um destino pouco solarengo.

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Este foi o livro que mais gostei do desafio Ler Saramago. Ainda só li três. Nota-se uma evolução enorme na construção do romance do segundo para o terceiro. Aqui, encontrei o Saramago que tanto gosto. Este livro é muito bom. Apesar de algumas partes maçadoras, foi um gosto enorme ler este romance.  

A ironia entra unida a uma crítica do autor sobre as forças políticas. Interessante quando ele coloca as formigas como espectadoras da verdade. Se as formigas falassem… É, talvez, a minha parte preferida deste romance. Fique atento, se for ler.

O clima desta narrativa é angustiante e triste. Não recomendo  leitura se estiver numa fase triste da sua vida.

Com uma releitura iria tirar maior partido. É Necessita de tempo e paciência. Recomendo sobretudo este livro aos grandes admiradores do autor.

“…assim é o mundo feito que não se apercebem uns do mal dos outros, mesmo quando tão perto estão como mãe e filho.”

“Há quem tenha o sono pesado, há quem o tenha leve, há quem ao adormecer se despegue do mundo, há quem não saiba estar senão deste lado e por isso sonha.”

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Quatro estrelas. Bastante bom este livro. Não dei cinco estrelas porque senti algum cansaço e perda de ritmo em alguns capítulos. Não deu para sentir o que senti com “Intermitências da Morte” e “Ensaio sobre a Cegueira”, mas andou lá perto. 

 

O próximo romance será Memorial do Convento. Para ler só em janeiro. 

 

Post da Michelle: Resumo da Ópera