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amulherqueamalivros

Ter | 25.11.14

Galveias | José Luís Peixoto

Cláudia Oliveira

Agarrada às mantas, pão com Nutella, livro "Galveias" na mão. Silêncio tranquilo. Luz natural a entrar na minha sala. Mais de metade do livro foi lido. Com cuidado, atenta. José Luis Peixoto tem a delicadeza do mundo na sua escrita. Os personagens são nossos parentes. Num lugar qualquer, onde vivemos a infância. Não vivo em Galveias mas conheço aquelas pessoas, aquele lugar. É um lugar em Portugal. Rural, tão característico. Ao longo da leitura senti aquela terra como minha. Cheio de pormenores, Peixoto, faz uma bela homenagem a terra onde nasceu. Com algum mistério pelo meio. O cheiro a enxofre. Tenho uma teoria para aquele cheiro, mas não me vou perder em suposições. Mais uma vez, saí satisfeita. Melhor, deu para recordar como foi comigo, lá atrás.

Sex | 21.11.14

A Peregrinação do Rapaz sem Cor | Haruki Murakami

Cláudia Oliveira

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A capa do livro “A Peregrinação do Rapaz sem Cor” é linda. A capa e o título são os culpados pelo meu interesse imediato no último romance de Haruki Murakami.

 

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Razoável. Nunca gostei muito dos outros romances do autor. Gostei mas nunca fiquei arrebatada. Aliás, nunca entendi as diversas referências do mesmo para vencedor do prémio Nobel da Literatura. Quando li algumas opiniões sobre o livro foram opiniões igualmente razoáveis. Portanto, não criei expectativas altas.

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Este livro conta a história de um grupo de amigos. São cinco amigos, quatro deles com uma cor no sobrenome, excepto o nosso protagonista, o rapaz sem cor. Tsukuru pertence ao grupo, até ao dia em que uma situação o vai afastar dos amigos. Essa situação tem precursões na vida de todos. A história vai centrar-se no Tsukuru, a busca de respostas e os conflitos interiores consequência, no meu ponto de vista, depois da ruptura do grupo.

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Todos os personagens são fascinantes. O protagonista é fantástico. Acho-o incrível, muito bem construído. Identifiquei-me com alguns pensamentos, acções. Tem um crescimento notável ao longo da história. É uma caixinha de surpresas.

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O autor quis debater assuntos importantes em tom informal. Pode escapar ao leitor mais desatento.

Parece uma chamada de atenção para o pensamento individual, coragem nas acções e um pedido claro para colocarmos emoções em tudo o que fazemos ao longo da vida. Esclarecer mal entendidos nem sempre vale a pena. Contudo, mal entendidos podem destruir amizades. Os sonhos merecem ser percorridos e nunca devemos ter medo de dizer o que sentimos. Parecem clichés mas nesta história Tsukuru vai ser colocado à prova em relação a estes assuntos, entre outros.

 Não ter cor pode ser uma vantagem. É importante manter voz activa e respeitar as diferenças. Parece-me que foi esta a mensagem que o autor quis transmitir. Se não foi, foi o que senti.

Adorei o livro. Foi o primeiro, depois de tantos, que me conquistou. E pronto, virei fã. Apesar de continuar a achar que não é escritor para vencer um Nobel. Este livro tem menos referências fantásticas, mais um motivo para ter gostado do livro.

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Quatro estrelas. Recomendo. Para ser lido com carinho. 

 

Qui | 20.11.14

Impressões às primeiras vinte páginas | Galveias de José Luís Peixoto

Cláudia Oliveira
Coloquei o livro “Galveias” na mala. Apaixonei-me pela escrita do José Luís Peixoto o ano passado com o livro “Livro” oferecido por um amigo muito especial. As palavras conquistaram-me, seduziram-me de tal forma que fui obrigada a dizer: “Ok, venceste, gosto de ti”. E parti à descoberta de todos os livros do autor. Devagar, para não ficar sem livros dele depressa. O título “Galveias” não despertou vontade SOS de comprar e ler. Ontem, depois de terminar o livro do Haruki, agarrei nele. Posso adiantar, ele agarrou-me. Vou viver em Galveias por uns tempos. Até já.
Seg | 17.11.14

Amálgama | Rubem Fonseca

Cláudia Oliveira

Bom dia. Acordei e li “Amálgama” de Rubem Fonseca. Sem parar. São contos, nem toda a gente gosta de contos. Eu gosto. Sobretudo contos crus, reais, violentos. Há uns tempos atrás li algo do autor, mas nem gostei muito. Sabes quando um livro puxa pela manga da tua camisola na esperança de chamar atenção como fazem as crianças? “Amálgama” fez isso comigo. Puxou, puxou. Cedi.

Este livro está cheio de personagens interessantes e passagens incríveis. Vontade de sublinhar tudo. Vontade de citar tudo. Tomara eu registar frases deste livro para citar um dia num jantar de amigos. Tem contos, tem poemas. Gostei bastante dos poemas. Todos. Dos contos, uns mais que outros. “Filho”, “Escrever”, “Best-seller”, “A festa”, “Os pobres e os ricos” e “As crianças e os velhos” são os meus preferidos. Este autor lembro-me imenso outro autor que amo (ou amei numa vida passada), o Bukowski.

Referências a Freud, Proust, entre outros. Uma certa tendência para órfãs de mãe, de pai ou ambos; anões; médicos; velhos. Afinal Rubem Fonseca pode dizer o que quiser, certo? Pode. E diz. Este livro é tão bom. Ainda bem que dei atenção à pequena e adulta criança. Foi um prazer enorme ler este livro.

Recomendo imenso. Leva quatro estrelas. 

 

 

 

Citações

Mas, voltando à minha pergunta: quem são as pessoas que frequentam essas festas? As pessoas são sempre interessantes. Sou fascinado pelas pessoas, gosto de imaginar o que fazem, o que sentem, suas angústias, ambições. Muitas não estavam ali pela boca-livre. Há quem não goste de ficar em casa, pessoas que não gostam de ler, de ver filmes, de ver televisão, que moram sozinhas e sofrem com a solidão. Outros gostam de ter uma oportunidade de se enfeitar, como as mulheres ― já vão dizer que sou misógino ―, elas gostam de mostrar suas jóias, seus adereços, seus vestidos novos.”

***

“O dicionário diz que escrever é representar ou exprimir, relatar, transmitir por meio de escrita, compor, redigir, desenvolver obra literária: conto, romance, novela, livro etc.

 É isso o que diz o dicionário. Porém, escrever é mais do que isso, é urdir, tecer, coser palavras, tanto faz ser uma bula de remédio ou uma peça de ficção. A diferença é que a ficção consome o corpo e a alma. Os poetas também poderiam ser incluídos aqui, se eles não tivessem pacto com o diabo.”

 

***

“As pessoas andam pela cidade e nada veem. Veem os mendigos? Não. Veem os buracos nas calçadas? Não. As pessoas leem livros? Não, veem novelas de televisão. Resumindo: as pessoas são todas umas cretinas.”

***

 

“O amor não é para ser entendido é para ser sentido.
A poesia não é para ser entendida é para ser sentida.
O medo não é para ser entendido é para ser sentido.
A dor não é para ser entendida é para ser sentida.
O ódio não é para ser entendido é para ser sentido.
A morte não é para ser entendida é para ser sentida.”

Qua | 12.11.14

Leituras | Outubro

Cláudia Oliveira

Para não ficar atrasada em relação às leituras feitas em Outubro decidi escrever este texto. Mais tarde, um vídeo. Se surgir oportunidade.

Em Outubro li 6 livros. Cinco escritos por mulheres.

 

O primeiro livro lido em Outubro foi “*Uma Duas*” de Eliane Brum. Uma grande grande surpresa. Não vejo a hora de ler os outros romances. Livros esses que estão no Kobo à espera do seu momento. Adoro a escrita de Eliane Brum. É fantástica. “*Uma Duas*” mexeu imenso comigo. Tinha de parar várias vezes para respirar fundo e voltar à leitura. Existe um texto com a minha opinião no blogue. Mas nada como ler o livro, a minha opinião não consegue transmitir o quanto este romance é bom. Dei cinco estrelas.

 

O segundo romance foi “*Ritos de Adeus*” de Hannah Kent. A premissa é bastante interessante. Contudo, achei a leitura arrastada e não me convenceu. Os personagens são chatos e os diálogos também. A minha parte preferida foi mesmo a frase final. Mesmo. Dei duas estrelas.

 

O terceiro foi “Terra do Pecado” de José Saramago. Faz parte do desafio Ler Saramago. É o seu primeiro romance. Gostei bastante, dei quatro estrelas. Muito cru, com uma boa história e discussão. Vale muito a pena ler este livro. Recomendo para quem quer começar a ler Saramago.

 

Depois li “Amor entre mulheres” de Katherine Mateus. Este livro foi enviado pela autora assim como a continuação, o romance “Amor entre mulheres II”. Li em uma hora e meia. É bastante fluido. Nesta história acontece tudo rapidamente, sem grandes desenvolvimentos. É a história de um amor entre duas mulheres com alguns obstáculos pelo meio. Acho que as personagens precisavam de mais tempo para amadurecer. Não dá tempo para absorver as características dos personagens nem criar o ambiente necessário. Acontecimentos uns em cima dos outros. Gostei da escrita da autora, pretendo ler o próximo livro dela e espero ver um crescimento em relação à narrativa, ou seja, uma diminuição da velocidade. Não concordei com algumas atitudes da personagem principal, o que prejudicou a minha leitura. Dei duas estrelas.

 

Li Patrícia Reis pela primeira vez na minha vida. Escolhi “Morder-te o coração”. É uma história de amor bastante triste. Escrita de dois pontos de vista. Gostei da escrita da autora mas não fiquei impressionada com a história. Contudo, dei três estrelas porque tem passagens muito bonitas.

 

Por fim, li uma autora chamada Ana Casaca. O livro foi enviado pela editora Guerra&Paz, “Viagem ao fim do coração”. Não gostei muito do inicio da história, mas acabei por terminar o livro rapidamente porque a escrita é fluída. Tem vários pontos de vista, tem ritmo e as personagens são credíveis. Escrevi a minha opinião num texto no blogue. Dei duas estrelas.

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