Jean é um homem bem sucedido, editor da revista Elle. Aos 43 anos sofre um acidente vascular cerebral, consequentemente fica totalmente paralisado. Ele só pode mexer o olho esquerdo. Ouve e percebe tudo, mas não fala. A sinopse parece anunciar um filme emocionalmente muito forte, certo? Certo.
Este filme é muito bonito apesar do que se vai passar. Jean vai arranjar a sua forma de escapar à sua condição, a imaginação. É uma verdadeira inspiração para a vida. Somos levados pelas reflexões do personagem, como que um reflexo da nossa vida. Aquilo que deixamos por fazer, não damos valor ou simplesmente a sorte que temos por conseguirmos mexer uma mão. Não imaginam o que ele vai conseguir fazer com um simples piscar de olho.
A realização deste filme é excelente. Os planos do ponto de vista do protagonista são geniais. Uma obra de arte! Transmite a sensação de prisão num corpo morto. Era esse o objectivo? Presumo que sim.
O actor Mathieu Amalric está magnifico neste papel. Tem cenas muitos fortes: quando Jean é levado à praia com os seus filhos; quando o pai deste fala com ele; quando a sua namorada lhe telefona. Entre muitas outras cenas.
Vou procurar o livro e lê-lo. Existe, apesar de esgotado nos sites online em Portugal. Quem sabe encontre o e-book.
Para além de abordar temas como a Segunda Guerra e a alfabetização, também toca num assunto sensível, a pedofilia. Ao contrário das opiniões que ouvi e li por aí, não reconheci este filme como uma história de amor. Pelo contrário. Não torci pela protagonista na hora da sentença. Nada. Tive pena daquele miúdo de quinze anos, seduzido por uma senhora que, no meu ponto de vista, o usava. Ela chega a irritar-me no seu egoísmo desmedido.
Em momento algum tive dúvidas do segredo que Hanna guardava, portanto nunca fui totalmente surpreendida. Gostei da personalidade da personagem, muito bem construída.
A história é boa, os actores são bons. O facto de não ser um filme convencional na sua forma (com principio, meio e final feliz) torna-o muito mais interessante. SPOILER: As minhas cenas preferidas são na segunda parte do filme: as discussões sobre a justiça; a forma que Hanna arranjou para aprender a ler.
Se gostas de filmes sobre a Segunda Guerra mas estás farto das histórias do costume, este é o filme ideal.