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amulherqueamalivros

Dom | 25.09.16

A Vegetariana | Han Kang

Cláudia Oliveira

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No Goodreads 

Minha pontuação 5*

 

Começo por dizer que a maior parte das pessoas vai detestar este livro. Se a relação não for ódio, vai andar muito perto disso. Primeiro porque o livro ganhou um prémio muito importante no mundo literário: Man Booker Prize. E está a ser vendido com uma faixa amarela muito chamativa de forma a mostrar a importância desse mesmo prémio. Ok, quem não liga aos prémios não irá sentir esse problema. Eu ligo. Eu sou dessas. Mas esse não será só o único motivo para alguém detestar este livro. Há mais. Depois haverá quem não vai entender patavina do que leu. E é completamente compreensível, sobretudo se nunca proferiu esta palavras no meio de um grupo de pessoas: "não como carne".

 

Quando comecei a ler este livro comecei logo a pensar na Elena Ferrante que estava na lista dos finalistas juntamente com a autora deste livro. E comecei ao fim de vinte páginas lidas a perguntar-me: "porquê que esta escritora ganhou à outra?". Os gostos são subjectivos, o júri tem motivos para dar o prémio a uma e não a outra. E só no final consegui entender os motivos. É um livro fantástico! Nunca li nada igual.

 

O livro começa de uma forma bem leve. Uma mulher tem um sonho e a partir dele acaba por decidir que quer ser vegetariana. Mas a história não é só esta. Temos a reacção de todos os que a rodeiam. Transformam-se em médicos e sabem o que é melhor para ela. Consideram uma opção esquisita e acabam por tratá-la como uma louca. É incrível como a escolha de uma pessoa pode incomodar tantas outras. A escolha nesta história é como que uma metáfora. Podia ser outra coisa qualquer para além do vegetarianismo. Tudo o que é diferente dos padrões estabelecidos pela sociedade é anormal. 

 

A história muda várias vezes de voz. Acho o marido dela um inútil e machista. Trata-a de uma forma desprezível, mas em relação à forma como leva a vida é normal (na sua mente pequena). Sente vergonha da mulher, sente nojo. Tenho tanta pena que a sociedade represente o discurso deste homem. Apontam inutilidades nos outros, mas nunca se olham ao espelho. 

 

"Enquanto eu passava a tarde sem fazer nada, agarrado ao comando da televisão, ela fechava-se no quarto. O mais provável era que passasse o tempo a ler, e esse era praticamente o seu único passatempo."

 

A narrativa é sensorial e muito visceral. Quando uma escritora consegue passar sensações boas ou más tem o meu respeito. Quando a mensagem do livro consegue comunicar com o leitor sem ser explicita tem a minha admiração. Quando sinto que já estive na mesma posição que a protagonista em algumas situações (também decidi deixar de comer carne há um ano) o livro reúne tudo o que mais gosto, não podia deixar de sair bastante satisfeita com um livro. 

 

Bastante recomendado, mas com um pequeno aviso, preparem-se para ler algo muito estranho. 

Dom | 25.09.16

Cinematona | segunda semana

Cláudia Oliveira

 

Categorias

1 - Um documentário A Girl Like Her (7*/10)
2 - Um filme europeu Les innocentes inacabado)
3 - Um filme de terror The Conjuring (inacabado)
4 - Uma comédia romântica The Pill (5*/10)
5 - Um filme recomendado The Sister´s Keeper (8*/10)
6 - Um filme com o actor preferido This Boy's Life (8*/10)
7 - Um filme com a actriz preferida Florence Foster Jenkins (7*/10) 
8 - Um filme erótico
9 - Um filme de 2016
10 - Um filme que toda a gente viu menos eu
11 - Uma adaptação cinematográfica
12 - Um filme dos anos 80

Cinematona | primeira semana

Vídeo da Dora sobre Cinematona

Qua | 21.09.16

As Cores de Branca | Lara Morgado

Cláudia Oliveira

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No Goodreads

Minha pontuação: 3*

 

Este livro acabou por ser uma pequena surpresa. Com uma parte inicial muito surpreendente e uma segunda parte menos interessante, acabei por gostar do livro, mas também considero que a história foi pouco aproveitada. 

 

Galvão que quer um filho rapaz. Do seu casamento, nascem sete raparigas, a quem chamam de Branca. Depois do nascimento da sétima menina, tudo vai mudar. E mais não conto, precisam de ler para saber no que se vai transformar aquela família. Estamos a falar de um meio pequeno, numa terrinha religiosa.

 

O que podemos tirar desta história? A capacidade de perdoar e seguir em frente. A nossa heroína acaba por passar força para o leitor e mostrar que existe uma saída mesmo no momento mais difícil. Gostei bastante das personagens femininas que a autora criou. No entanto, quando acontece o ponto alto da história, aquele que muda tudo, esperava um desenvolvimento diferente. Direccionado para outros personagens, outras relações. 

 

A escrita da Lara é muito acessível e fluida. Transmite calma e é de fácil compreensão. Não há um requinte, nem complexidade naquilo que escreve. Desconhecia o seu trabalho. No fundo, as mulheres acabam por ser negligenciadas na área da literatura. Em vários eventos são convidados maioritariamente os homens. Não existe a mesma divulgação/interesse por parte das editoras. É isso que eu sinto e tive vontade de contactar a autora para transmitir a minha indignação. 

 

Uma história singela que se perde depois na segunda parte, mas que não deixa de ser bonita e tenho a certeza que muitas pessoas vão gostar de conhecer. O meu melhor amigo gostou. Emprestei-lhe o livro para ele ler nas férias. Fiquei contente.

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